
Mas não é sobre isso que eu
queria falar. O assunto é a tal da "caxirola". Caxirola é um instrumento midiático criado
pelo mais midiático ainda Carlinhos Brown para se autopromover e encher o bolso
dele e daqueles que investiram nessa bobagem.
Estilizaram o caxixi,
inspiraram-se na força da horrorosa vuvuzela e criaram em brinquedinho
bonitinho, mas que em nada representa a cultura desse multicultural país.
Queriam homenagear algo? Que
exaltassem o caxixi, e dessem os louros a quem, efetivamente, os merece. Se a
vuvuzela representava um elemento cultural dos sul-africanos e, por conta
disso, foi “aceito” por toda a mídia internacional (apesar do efeito insuportável
que me fez, muitas vezes, desligar o som da TV), a caxirola é uma invenção
oportunista, dissociada de qualquer cunho cultural, uma vez que a cultura do
estádio de futebol no Brasil está vinculada, no máximo, às antiquíssimas
charangas, compostas por instrumentos de sopro e percussão, tocando as
famosíssimas Cidade Maravilhosa e Mulata Bossa Nova.

Mas esqueceram que Brasil não é
África do Sul.
Enquanto a expectativa dos sul-africanos em relação ao seu
selecionado se resumia ao grande orgulho de sediar a primeira Copa do Mundo
naquele tão combalido continente, no Brasil o futebol gera paixões que beiram a
irracionalidade.
Afinal, qual o adereço de mão
mais frequentado nos estádios de futebol brasileiros nos últimos 50 anos?
O
melhor amigo do torcedor: o radinho de pilha.
Pois é. O torcedor fanático, por mais
que adorasse o seu bom e velho amigo, nunca deixou de, em momento de fúria,
lançá-lo ao gramado a esmo, quando o seu time sucumbia em campo, deixando-o
humilhado. Quem já frequentou estádio de futebol já se deparou com essa cena
dezenas de vezes.
E, enquanto a vuvuzela não possuía
peso nem design que permitissem a materialização dessa fúria, somado à falta de expectativa do torcedor sul-africano,
o mesmo não acontece com o binômio caxirola-torcedor brasileiro.
O torcedor do Bahia, humilhado e
desiludido, ao tomar um chocolate de 5 na 1ª partida e, ao sofrer o 2º gol com 30 minutos do
primeiro tempo da segunda partida, protestou com a arma que estava às mãos: a
fatídica caxirola.
Com o pepino em mãos agora estão
FIFA, The Marketing Store, governo brasileiro e todos aqueles que defenderam
essa estupidez. Como ficará a imagem de todos ante uma chuva de caxirolas frente a um eventual fiasco da seleção brasileira? Pois não convém esquecer que este é um tipo de evento que atinge milhões (ou bi?) de espectadores, ao vivo, e à cores!
Já imaginaram um Brasil e
Argentina na Copa com goleada a favor dos hermanos? Haja catador de caxirola,
hein? Talvez Brown tenha que lançar uma sombrinha inspirada no frevo para proteger os jogadores em campo: a frevulina.