segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O Ano Novo e o Caderno: “Por quê não pensei nisto antes?”




SALVADOR - PRAIA DE ARMAÇÃO (Tudo é festa na Bahia e no mundo) - Hoje é 1º de Janeiro e, como sempre, vejo milhares (ou talvez milhões de pessoas) nos diversos cantos do mundo se congratulando. Estão em plena euforia, orando, sorrindo, se abraçando, enchendo a cara e esperando que o 2012 venha repleto de conquistas e realizações de todos os sonhos projetados.

Mas, o que uma mera mudança de data possui para ensejar tal expectativa? Qual a fonte que motiva uma crendice inexplicável de que, a partir da zero hora de um simples domingo haverá a conjunção de aspectos sobre-humanos que repercutirão em um ano repleto de realizações?

Deste questionamento me remonto ao período estudantil. No início de cada ano letivo uma expectativa juvenil nos acalentava sempre que nos deparávamos com os livros didáticos que nos acompanhariam no curso daquele ano, daquela série. Mas, além dos livros lindos, cheirosos, novinhos, sempre aparecia a figura do caderno. Do caderno novo.

Geralmente apresentava aquela capa escolhida, além da espiral colorida ou metálica e, em regra, com 10 ou 12 matérias. O primeiro contato com o caderno novo representava um regozijo de promessas e expectativas de um ano melhor, de que, enfim, naquele ano, tudo daria certo.

Ao observar cada folha em branco, com as suas pautas intocadas, me vinha a promessa de que, naquele ano, eu não trataria o meu caderno da forma irresponsável com a qual o tratei no ano passado. A divisão de matérias seria 100% respeitada, me esforçaria para manter a letra bonita. Evitaria quase que neuroticamente arrancar as suas páginas e, de forma nenhuma o verso da última folha seria objeto de apontamentos vis, letras de música ou “jogos-da-velha”.

O caderno novo era o momento em que permitíamos uma avaliação íntima de tudo o que fizemos de errado no ano letivo anterior e projetávamos uma melhor conduta, uma evolução comportamental desejada, mas, na maioria das vezes utópicas.

E muitas vezes os nossos sonhos não podiam ser cumpridos por questões alheias ao nosso desejo. Às vezes o professor nos exigia escrever tanto, que a sua matéria extrapolava o espaço de outra disciplina. Às vezes projetávamos uma divisão equitativa que não se aplicava à metodologia de ensino de cada matéria, ou de cada professor.

Mas, na maioria das vezes não cumpríamos a nossa expectativa inicial porque entre a nossa projeção utópica e o nosso verdadeiro “eu” existe a distância do sonho, daquilo que desejamos, do que é alcançável, ainda que no campo da nossa imaginação.

E, tal qual um caderno, a vida nos ensina que a virada do ano é momento de querer. De desejar sermos melhores do que no ano anterior. De errar menos e acertar mais. De sermos mais um pouquinho daquilo que entendemos ser correto e justo. De sermos felizes.

Um caderno, ao final do ano nunca era o que efetivamente tínhamos projetado. Mas, enfim, era o instrumento que materializava as experiências positivas e negativas daquele ano. Além do mais, um caderno NUNCA era igual ao do ano anterior.

Assim, não sei se 2012 trará tudo aquilo que pedimos, mas, ao seu final, teremos a certeza de que crescemos mais um pouquinho na direção daquilo que mais nos importa, a eterna busca de um ideal.

Um bom 2012 para todos vocês e um caderno repleto de alegrias para todos nós.

2 comentários:

Vitor Viena disse...

Uma beleza de texto.Muito bom!

Começando o ano bem: com informação e com uma boa leitura.
Pelo visto, esse Blog vai longe. Parabéns!

Fábio Iglesias Gagliano disse...

Valeu pela colaboração Vitão. Um bom ano novo pra vc e toda a sua família!