domingo, 18 de dezembro de 2011

O Futebol Reage


SALVADOR - BARCELONA - JAPÃO (que aula, hein?) - Cresci, como qualquer brasileiro, apaixonado por futebol. Queria ser campeão do mundo e acompanhei a Copa de 86, com tristeza. Chorei com a derrota frente à França (xinguei Zico pelo pênalti perdido).

Em 90 vi uma Alemanha ser campeã com um futebol horroroso, que muitos preferiram chamar de "eficiente". Invejei este tipo de futebol.

Em 94 fomos campeões, e, enfim, pela primeira vez, acompanhei ao vivo uma campanha nacional vitoriosa. E me irritei com a quantidade de "urubus" que falaram que o futebol de Parreira era feio. Que feio que nada. Éramos campeões, e isso era o mais importante.

Em 98 chegamos à final e tomamos um vareio estranho de uma fraquíssima França.

Em 2002 ganhamos nas madrugadas japonesas e coreanas e, ao final, não consegui vibrar com plenitude. Por que seria? Associei à maturidade dos meus 26 anos. afinal não era mais um adolescente. Mas, no fundo, não aprovava o "estilo Felipão" de ser...

Em 2006 uma medíocre Itália se sagra campeã na final mais insossa da história do futebol mundial.

O futebol morria, a cada dia. Beleza era sinônimo de passado, de fracassos, de nostalgia. Futebol era sinônimo de eficiência, de 1x0, de "São Paulo de Murici", de Itálias e Alemanhas, de Felipões e Celso Roths. Jogadores altos, fortes, volantes batedores, Dungas e Césares Sampaios.

E aí surge o Barcelona e contrapõe a tudo que se oferecia. Acabou a dicotomia entre o coletivo defensivo e o ofensivo individualista. Aí se começou a vaticinar: não vão ganhar nada assim.

E veio o título europeu, e o mundial, e o europeu de novo, e o mundial de novo. Jogadores baixinhos, sem o arquétipo do "futebol moderno eficiente alemão ou italiano".

E a Espanha foi campeã do mundo. Sem Messi, sem Daniel Alves. Não são eles os protagonistas. É o toque de bola, a valorização do controle do jogo. Se endeusamos Messi, Xavi, Iniesta, é porquê a nossa mente se acostumou a procurar por heróis, por ídolos. Hoje, o campeão do mundo não é um jogador, é um conceito.

O conceito de que a valorização da posse de bola é o segredo do sucesso. Ele é quem faz o adversário cansar. Ele é quem faz com que o nosso jogador não se machuque. Ele é quem faz com que troquemos A por B e a qualidade não decaia significativamente.

Parabéns Barcelona. Você me faz voltar a me apaixonar por futebol. Isto sim é futebol.