quarta-feira, 28 de março de 2012

Salvador - Uma Ode Para Ti

São Salvador da Bahia,




Venho aqui te parabenizar. Não espero retribuição.
Nasci em 29 de março,
sou, portanto, um filho bem grato,
feito à tua imagem e semelhança.
És singular e cativa. Tens a benção de Yemanjá.
O mar te abraça envolvente. Ou és tu quem o abraças?




Disseram-me que no teu seio, cinco sentidos vivi.
Mas somente refletindo, entendi esta assertiva.
Na escola me ensinaram, que no mundo dos sentidos,
tato, olfato e paladar, somados à audição e visão,
compõem a totalidade, do que podemos sentir.




E nesta sinestesia, mergulhei num eu profundo.
Em uma íntrinseca viagem, iniciei minha hipótese.
Comecei na audição. E constatei que a cidade,
a capital da Bahia, tem na música identidade,
no batuque do Olodum, na repique do timbau,
na levada do agogô.




Vencida esta leve etapa, passei a te inalar.
Lembrei da Chadler dos Mares,
Do Beco do Couro, na ladeirinha perto da Castro Alves.
Do cheiro da maresia,
nas ruas do Rio Vermelho




No olhar és um desbunde.
Nas dunas do Abaeté, na vista lá da Ladeira
que do alto dos seus bregas, nos brinda com a Baía,
que só a Montanha nos pode oferecer.
O pôr do sol lá da orla, nas mesas do Barravento,
tendo o Farol como fundo, é um colírio aos olhos.




Provar você é um êxtase,
Na textura do acarajé, no tempero do abará.
Nas delícias de Dadá.
Herdaste de outras bandas,
da Mãe África distante, teu dendê e tua base,
onde o tabuleiro se lhe completa.




Enfim, como sentir Salvador?
No toque da sua gente.
No abraço amistoso de quem quer lhe convidar.
Na recepção calorosa do que acolhe por amor.
Sentir Salvador representa, um eufemismo em si.
Pois ainda na distância, Salvador está em ti.




Cinco sentidos: uma cidade.
Uma paixão e um grito de gratidão.
Parabéns Salvador.
Obrigado Salvador.

sábado, 24 de março de 2012

Descobri o verdadeiro "X" da Questão


(SALVADOR - Fortuna e moral são excludentes?) Quando comecei a pesquisar sobre livros digitais, uma obra aparecia constantemente na lista dos mais vendidos: O X da Questão, da autoria de Eike Batista. O multi mega-bilionário brasileiro, figurinha carimbada e presença constante em toda e qualquer lista  que congrega as maiores fortunas mundiais, nos apresenta um livro nacisista, onde tenta construir uma visão da criação de um império "de baixo para cima", contando suas peripécias financeiras que o teriam guindado à atual situação abastada.

A primeira vez que ouvi falar em Eike foi numa situação banal. Numa atitude, ao meu ver, estúpida, a sua ex, Luma de Oliveira, aparece com uma "coleira" em pleno desfile da Sapucaí com o nome do digníssimo estampado no pescoço. Pensei: que bobagem! Nem sabia quem era o cidadão. Pelo nome, pensei até que fosse estrangeiro.

Depois de muito tempo, o nome do indivíduo começa a ser estampado como case de sucesso financeiro e, o Brasil, passa a conhecer e admirar o seu maior multiplicador de milhões. Surge um herói nacional. Um herói idolatrado por muitos brasileiros que, aos poucos, começavam a conhecer novos conceitos sobre finanças, como: home broker, mercado de ações, bolsa de valores, viés de alta, etc.

Este "herói", enfim, sai do anonimato, e começa a surgir o Narciso dentro dele. Passa a se orgulhar deste status e se apaixonar por sua imagem e auto-reverência. Daí vem, até mesmo, um livro exaltatório, quase ufanista.

Mas, algo nesta história não encaixa. Um cidadão que afirma ter enriquecido "de baixo pra cima" sabe muito bem o valor do dinheiro e do sacrifício que a sua falta proporciona. O sujeito que não nasce rico mas se faz rico conhece as agruras da vida, por conhecer a triste realidade dos pobres mortais.

E o que se espera destes seres abençoados? Que transmitam conceitos básicos e simplórios para seus filhos. Valores. Não, não são valores monetários. Valores. Valores morais. Pergunto: se, de um dia para noite, você se fizesse bilionário, você daria para o seu filho de 24 anos um carro avaliado em R$ 2,3 milhões? E se este seu filho tivesse 51 pontos na carteira por 9 infrações de trânsito cometidas, sendo 7 por excesso de velocidade? Ainda assim você lhe permitiria guiar uma "arma" que pode atingir a velocidade de 334 km/h?

Não sou do tipo de achar que a pessoa, só porque é rica, é culpada de tudo. Ter dinheiro, para mim, não se constitui um pecado mortal. Mas afronta a minha essência perceber que existe a percepção de que o dinheiro tudo compra e que todas as situações da vida se resumem a um aspecto matemático-financeiro.

Após o acidente ocorrido na Rodovia Washington Luís onde o playboy Thor Batista transformou o ciclista Wanderson Pereira dos Santos em strogonoff no meio do asfalto, a primeira declaração do Sr. Eike Batista, desconhecedor da realidade fática foi: "o ciclista foi imprudente. Além de causar a perda da sua vida, poderia ter ocasionado um total de 3 vidas perdidas".

O que eu leio desta declaração? Que mais uma vez o Sr. Eike Batista trata um fato sob o aspecto puramente matemático. Perder uma vida é melhor do que perder 3, logo, o resultado financeiro desta situação lhe foi positivo. Pura lógica matemática.

Uma lógica tão contundente quanto às imediatas declarações do delegado que insinua, sem análise apurada, pela pseudo inocência do atropelador. Uma lógica tão pavorosa que impediu que o veículo fosse periciado no exato dia do acidente. Uma lógica tão aterradora que permite um condutor com 51 pontos conduzir tranquilamente seu veículo nas vias do Rio de Janeiro.

Na matemática, o X representa a incógnita. Ele guarda o valor escondido que, ao final tentamos descobrir. Bom.... para mim está claro agora. Escondido sob o X desta vez não encontrei um número. Encontrei algo que, se não me surpreende, me entristece. Oculto sob o X descobri, com pompa e circunstância um símbolo. Ao descortinar o X, finalmente, o revelei. Lá estava ele, forte e garboso: lá encontrei o famoso "$".

Ainda acredito que o BraSil pode, um dia, vencer o Bra$il.

sábado, 3 de março de 2012

Quando Eloá encontrou com Luísa, no Canadá

(SALVADOR - A TV é um espelho do povo ou o povo é um retrato da TV?) De vez em quando me pego a pensar sobre assuntos que, aparentemente, se encontram fora da minha realidade. Digo isto porque me parecem questões alheias a minha formação pessoal, profissional, humana, religiosa, etc. Mas, como eu sou do tipo que gosto de opinar sobre tudo, me arvoro no direito de expor as minhas idéias.

E hoje me deu na veneta falar sobre a mídia brasileira. Mas não quero entrar num estudo aprofundado sobre a história da nossa imprensa, seus interesses implícitos e explícitos, a sua penetração no poder político ou outros aspectos pitorescos e lamentáveis.

Quero me ater apenas à questão básica que assoma qualquer profissional que, minimamente, se orgulha da profissão que escolheu. Qual o papel do jornalista na nossa sociedade? O que um estudante, nas catacumbas dos rincões acadêmicos deste país almeja ao abandonar a universidade e adentrar no mercado de trabalho?

A minha visão é superficial, tangencial. Nunca tive a perfeita vocação para a comunicação conforme esta se delineia na nossa sociedade. Mas alguns aspectos me incomodam bastante, de maneira assustadora.

Certo dia estava a ouvir a CBN e me deparo com uma coluninha do Sr. Alexandre Garcia. Bem, nunca consegui dissociar a figura deste pseudo-jornalista à daquela sua aparição inicial na Rede Globo cuja atividade principal se vinculava a observar aspectos pitorescos do nosso Congresso Nacional, do tipo: "vejam a imagem do senador tirando meleca", ou "observem o ilustre deputado colando chiclete embaixo da bancada da CPI".

Este senhor, que em determinado momento da sua carreira chegara ao absurdo de apresentar um quadro tão grotesco e inútil no já combalido "Fantástico", bradava no meu rádio do carro contra outros jornalistas descuidados que não utilizavam o correto vernáculo. Por mais deselegante e anti-ético que o seu discurso parecesse ser, ele embasou o seu argumento em um caso prático que, para ele, era irrefutável: acabara de ler em um períodico que um alpinista havia se perdido no morro da Tijuca em uma escalada e estava a ser resgatado pela polícia carioca.
Jornalista das "melecas" do Congresso

Ora, do alto da sua sapiencia inabalável, a Alexandre "Gracinha" não poderia aceitar este tipo de absurdo com o correto uso da gramática. Afinal, alpinista é quem escala os Alpes, assim como andinista, os Andes e montanhista, uma montanha.

E lá estava eu, no meio de um engarrafamento a ouvir um cara que é jornalista da maior rede de televisão brasileira a destilar impropérios estúpidos e desnecessários utilizando o seu tempo para achincalhar um colega de profissão, sem ter a noção de que 99% dos seus ouvintes chamam, tanto aquele que escala uma montanha, uma parede, um prédio de alpinista, posto que se tornou popular e tradicional a prática de um esporte de escalada, denominado alpinismo.

Será que lhe faltava pauta? Será que ele esqueceu o seu funesto passado de "jornalista das melecas e dos chicletes"?

Bom, passados alguns dias, esqueci este assunto. Mas, um tempinho depois, assisto com espanto incrível uma enorme febre rolando na internet, onde todos perguntavam onde estava Luísa, que, supunha-se, estava no Canadá. O "fenômeno Luísa", após todas as explicações, teria sido fruto de um comercial televisivo realizado na pacata João Pessoa/PB onde, por equívoco na intenção do emissor, gerou uma expressão de pseudo-arrogância que soou estranha, sendo motivo de chacota que repercutiu de forma avassaladora em todas as redes sociais ganhando projeção nacional.

Ora, o que se espera de tudo isto? Que o cidadão comum ria um pouco e que, em dois dias esqueça o assunto Luísa, que nada agrega de interessante, representando apenas um chiste. Mas, como se portar o profissional de comunicação? Ora, entendo, pessoalmente, que o "caso Luísa" é um prato cheio para o profissional de jornalismo, de marketing, de publicidade que, ao estudar e entender a dinâmica de um processo microscópico que ganha despropositadamente uma projeção nacional, possa aprofundar o estudo deste processo midiático do que representa o gosto popular e pode representar um novo "case" de sucesso no mercado publicitário. Trocando em miúdos: se eu sou jornalista e vejo passar, na minha frente este "caso Luísa", vou estudar a dinâmica deste viral para que eu possa aprimorar o meu conhecimento na profissão e criar algo que possa se converter em um sucesso nacional.

Charge na internet para o "inteligente"
Carlos Nascimento
Aí me vem outro jornalista, o "ilustre" Sr. Carlos Nascimento, que apresenta a porcaria do jornal do SBT dizer em rede que é um absurdo a mídia dar publicidade nacional ao descartável caso Luísa. Que existem assuntos mais importantes para tratar e que nós já fomos mais inteligentes. Ele, afinal, deve saber o que é ou não matéria a ser explorada pois, se trata de um papa da imprensa nacional. Ora bolas! Um jornalistazinho de quinta categoria, em um canal de quinta categoria quer, agora, dizer o que é certo ou errado? Jornalista de superfície é, e sempre será, assim. Talvez por isto que ele esteja no SBT. Se o assunto é bobo, o seu processo formativo não o é, e deve ser estudado e esgotado por todo aquele que tem interesse em publicidade.

Passam-se mais alguns dias e, mais uma vez, vejo em todos os meios midiáticos o "julgamento do caso Eloá". Vi no UOL, na Globo, na Band, na CBN, no Jornal A Tarde, em O Globo, Estadão. E eu me perguntando: quem está interessado nisto? Conversei com umas 20 pessoas que me disseram estar "cagando e andando" pro julgamento. Realmente, o caso Eloá teve repercussão momentânea por questões óbvias, mas... daí ao seu julgamento ganhar a primeira página da mídia nacional um montão de tempo depois para este, que representa apenas mais um dos inúmeros casos policialescos que vivenciamos dia após dia? Pataquada geral.

Casamento Kate e William
15 dias de matérias no Jornal Nacional
Da mesma forma que ocorreu quando o Jornal Nacional ficou durante 15 dias (isso mesmo: 15 dias!!!!) apenas falando sobre o casamento do príncipe inglês. Sinto, sinceramente, que os nossos profissionais da imprensa escrita, falada e televisada estão atuando de forma descompassada com aquilo que a espera a sociedade brasileira. e, desta vez, não é a influência política a principal geradora deste descompasso. A grande causa está no vazio enorme entre o que queremos ver e o que eles querem que nós vejamos.

Pobre (e podre) mídia nacional...